Revisão das Listas das Espécies da Flora e da Fauna Ameaçadas de Extinção
do Estado de Minas Gerais

Minas Gerais é um estado biologicamente bastante rico, fruto de sua vasta superfície, clima, relevo e de seus recursos hídricos, que propiciam o aparecimento de uma cobertura vegetal extremamente rica e diversa, agrupada em três grandes biomas: a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga, com suas paisagens. Essa variedade resulta numa riqueza extraordinária de flora e fauna e contribui para que o Brasil seja considerado o país campeão de megadiversidade. Entretanto, toda essa diversidade de paisagens se encontra fortemente ameaçada. O processo de ocupação verificado no Estado tem provocado uma crescente erosão de sua diversidade biológica. Ao longo de sua história, Minas Gerais sofreu um intenso desmatamento de seus ecossistemas naturais mais representativos, como a Mata Atlântica e o Cerrado, e continua sofrendo grandes transformações na sua paisagem em função de um modelo de desenvolvimento que não prioriza as questões ambientais.

A adoção de estratégias para reverter o quadro de ameaça começa pela avaliação do estado de conservação das espécies, avaliando-as quanto ao seu risco de extinção. A ferramenta básica para a definição do status de conservação das espécies é mundialmente denominada Lista Vermelha. Se bem entendidas, as listas vermelhas podem e devem influenciar o desenho das políticas públicas e privadas de ocupação e uso do solo, a definição e priorização de estratégias de conservação, o estabelecimento de medidas que visem reverter o quadro de ameaça às espécies inseridas nas mesmas, além de direcionar a criação de programas de pesquisa e formação de profissionais especializados.

Enquanto as listas mundiais de espécies de animais ameaçados de extinção elaboradas periodicamente pela União Mundial para a Natureza – UICN refletem a situação geral das espécies rumo ao desaparecimento, o exame do declínio regional e local, como é o caso das lista de animais e plantas ameaçadas do Brasil e de Minas Gerais, é essencial para tentar reverter o processo através da adoção de medidas concretas de proteção. Quanto mais perto estivermos das causas do declínio das espécies nos ambientes naturais, maiores serão as chances de uma ação concreta, pois as decisões e medidas que levam à conservação ou à eliminação de determinada espécie serão tomadas em nível dos estados e municípios. Deriva desse fato a importância maior das listas regionais de espécies ameaçadas como a Lista da Fauna Ameaçada de Extinção do Estado de Minas Gerais, publicada pela DN COPAM 041/95, e a Lista da Flora Ameaçada de Extinção de Minas Gerais, oficializada pela DN 085/97, ambas coordenadas pela Fundação Biodiversitas. As revisões periódicas das listas vermelhas são um recurso fundamental para manter a sua função de alertar a sociedade e os governos para uma mudança de comportamento e adoção de medidas efetivas para reverter a situação evidenciada nas mesmas.

Desse modo, o IEF solicitou novamente a colaboração da Biodiversitas no sentido de fornecer os subsídios técnicos necessários  à  revisão das suas listas vermelhas de fauna e flora, cuja finalização é prevista para agosto de 2006. De acordo com o Art 2º da Lei Estadual No 10.583 de 03 de janeiro de 1992, a revisão das listas vermelhas devem ser feitas a cada três anos. Conforme proposta técnica apresentada ao IEF, a revisão das listas estaduais seguirá o ”Roteiro Metodológico para Elaboração de Listas de Espécies Ameaçadas”, publicado pela Fundação Biodiversitas , em 1997, tendo como base os critérios e categorias da IUCN (União Mundial para a Natureza),  agora com a versão mais atualizada desse documento ( versão 3.1)  e incorporado na Etapa Preparatória,  que diz respeito a elaboração da lista de  espécies candidatas, o uso de um banco de dados via Internet como ferramenta facilitadora dos trabalhos.